
Ao contrário do que muita gente pensa, ser sustentável
não é sair por ai abraçando árvores ou comprando detergentes biodegradáveis.
Embora essas atitudes possam ser até interessantes (talvez não muito
no caso da árvore, mas nada contra quem pratica), não são
suficientes.
Segundo definição no site da Expoidea
(uma feira super interessante que acontece em Recife e com muitas palestras e
oficinas legais, como pode ser visto aqui):
“Não basta apenas produzir e consumir. É necessário
conhecer os meios de produção, avaliar impactos no meio ambiente, discutir
novas fontes de produção energética e construir um modelo econômico
colaborativo, com base no consumo consciente e no fácil acesso. Essa é a missão da sustentabilidade como eixo que provoca a
adesão de milhões de pessoas em torno da dinâmica social e ambiental do
planeta. Os dados apontam a necessidade de desacelerar o consumo e o mau uso
dos bens naturais.Isso afeta diretamente a vida de todos os seres e coloca em
debate o modelo da economia tradicional como incompatível com as necessidades
atuais. É sem dúvida um momento de transição, cujos desafios exigem a união
entre governos, a sociedade e os empreendedores.”
Como estudante de arquitetura e urbanismo, eu diria que
ser sustentável é repensar o modelo de sociedade em que vivemos, avaliando os
métodos que amos pra alcançar nossos objetivos mais simples, e analisando
formas simples práticas de otimizar tudo isso. Um bom exemplo de como podemos
melhorar a qualidade" de vida no planeta e mudando nossos hábitos de
locomoção. É muito prático ir à garagem, pegar nosso carro e sair pelas ruas da
cidade, cada vez mais "entupidas" de veículos emitindo fumaça,
barulho e stress.Temos a mania de reclamar quando ficamos
"presos" no trânsito, mas a grande verdade é que NÓS SOMOS O
TRÂNSITO! E se isso é verdade, como poderíamos aliviar o espaço das ruas e
ainda ajudar a nossa saúde e, de bônus, a do planeta? Simples: trocando os
nossos carros por bicicletas! E não me chamem de louca... Isso é possível e eu
vou tentar mostrar algumas vantagens. Todos prontos?
Pra ilustrar, vou usar o projeto do arquiteto César
Barros, chamado "Ciclo Frescas". A proposta é simples: criar
corredores nas margens de canais, rios, canteiros centrais e ao longo das
calçadas das principais vias da Região Metropolitana do Recife, com o
incremento da arborização. As faixas somariam 106 quilômetros e extensão.
A proposta das "Ciclo Frescas" abrange seis
cidades do Grande Recife, interligadas por quatro rotas, conectando os
municípios de Camaragibe, São Lourenço da Mata, Recife, Jaboatão dos
Guararapes, Olinda e Paulista. Além de Cesar Barros, o projeto é assinado pelos
arquitetos Patrícia Monteiro, Éder Lima, Marcelo Moss, Carolina Férrea e Vitor
Araripe.
A simplicidade na execução desse projeto está na sua
forma de implantação, que seria justamente nas vias e não sobre calçadas, não
necessitando de obras físicas. Seria preciso reduzir as faixas de uso de carros
nas principais ruas e avenidas, proporcionando espaço para o trânsito de
bicicletas. Hoje as faixas para uso de automóveis têm 3,5 metros e a proposta é
reduzí-las para 2,80 metros, que seria a largura mínima. Dessa maneira, 1,50
metro seria o espaço da ciclovia.
Hoje
Recife conta com ciclovias ao longo da orla, que são sinalizadas e tem um
espaço legal. Mas imagina como seria excelente poder ir ao trabalho, à
faculdade, ao cinema utilizando as principais vias da cidade! Quanto tempo
ganharíamos? E o melhor, com direito a uma sombra fresquinha e sem medo dos
motoristas, em uma faixa exclusiva!
Infelizmente, muitos motoristas não respeitam os ciclistas, e na contramão
Esse sonho não é impossível, não é utopia. Em muitas
cidades tão grandes (ou maiores) quanto Recife, as ciclovias atendem à
população de forma muito eficiente. Claro que isso vem de aspectos
culturais e que mudar a mentalidade do brasileiro não é coisa simples. Pra
muitos, ter um carro na garagem é sinal de status, de riqueza e de
elegância (só eu acho esse pensamento extremamente cafona?). Para
mim, ser chique é ser engajado e saber o seu papel na sociedade. Os carros são
necessários, mas não são o único meio de transporte com que podemos contar.
Basta imaginarmos o espaço ocupado por um carro e um ônibus em uma rua: o
tamanho de um ônibus equivale a dois carros. Cada carro transita com 5 pessoas.
Um ônibus transita com, em média, 50.
Ocupando
o mesmo espaço que 2 carros, 1 ônibus transporta 10 vezes mais pessoas. A
bicicleta não queima combustível (só queima calorias!) e
ainda favorece a saúde do ciclista.
Esse é um assunto interessante e que deve ser discutido
pela população e pelos governantes. Enquanto eles não começam, podemos tratar
disso por aqui, que tal?
O Piratas da Praia é comprometido com conceitos
sustentáveis e está aberto para questionamentos bacanas. São atitudes simples
que transformam a realidade. Que a mudança comece por nós!
Vamos nessa?
Em
tempo: Colhi algumas informações aqui. E aqui tem discussões muito interessantes sobre
mobilidade urbana sustentável. Se bem que esse seria assunto pra outro post...
Por
Josiane Andrade
Oxente!
Nós estamos em Recife!!
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