terça-feira, junho 05, 2012

Vamos pedalar?



Uma das palavras em voga nos últimos anos é SUSTENTABILIDADE. Todos usam quando querem demonstrar seu engajamento político-social e sua preocupação com o planeta. Mas como podemos praticar a sustentabilidade na cidade em que vivemos?

Ao contrário do que muita gente pensa, ser sustentável não é sair por ai abraçando árvores ou comprando detergentes biodegradáveis. Embora essas atitudes possam ser até interessantes  (talvez não muito no caso da árvore, mas nada contra quem pratica), não são suficientes. 

Segundo definição no site da Expoidea (uma feira super interessante que acontece em Recife e com muitas palestras e oficinas legais, como pode ser visto aqui): 

“Não basta apenas produzir e consumir. É necessário conhecer os meios de produção, avaliar impactos no meio ambiente, discutir novas fontes de produção energética e construir um modelo econômico colaborativo, com base no consumo consciente e no fácil acesso. Essa é a missão da sustentabilidade como eixo que provoca a adesão de milhões de pessoas em torno da dinâmica social e ambiental do planeta. Os dados apontam a necessidade de desacelerar o consumo e o mau uso dos bens naturais.Isso afeta diretamente a vida de todos os seres e coloca em debate o modelo da economia tradicional como incompatível com as necessidades atuais. É sem dúvida um momento de transição, cujos desafios exigem a união entre governos, a sociedade e os empreendedores.”

Como estudante de arquitetura e urbanismo, eu diria que ser sustentável é repensar o modelo de sociedade em que vivemos, avaliando os métodos que amos pra alcançar nossos objetivos mais simples, e analisando formas simples práticas de otimizar tudo isso. Um bom exemplo de como podemos melhorar a qualidade" de vida no planeta e mudando nossos hábitos de locomoção. É muito prático ir à garagem, pegar nosso carro e sair pelas ruas da cidade, cada vez mais "entupidas" de veículos emitindo fumaça, barulho e stress.Temos a mania de reclamar quando ficamos "presos" no trânsito, mas a grande verdade é que  NÓS SOMOS O TRÂNSITO! E se isso é verdade, como poderíamos aliviar o espaço das ruas e ainda ajudar a nossa saúde e, de bônus, a do planeta? Simples: trocando os nossos carros por bicicletas! E não me chamem de louca... Isso é possível e eu vou tentar mostrar algumas vantagens. Todos prontos?


Pra ilustrar, vou usar o projeto do arquiteto César Barros, chamado "Ciclo Frescas". A proposta é simples: criar corredores nas margens de canais, rios, canteiros centrais e ao longo das calçadas das principais vias da Região Metropolitana do Recife, com o incremento da arborização. As faixas somariam 106 quilômetros e extensão.

A proposta das "Ciclo Frescas" abrange seis cidades do Grande Recife, interligadas por quatro rotas, conectando os municípios de Camaragibe, São Lourenço da Mata, Recife, Jaboatão dos Guararapes, Olinda e Paulista. Além de Cesar Barros, o projeto é assinado pelos arquitetos Patrícia Monteiro, Éder Lima, Marcelo Moss, Carolina Férrea e Vitor Araripe.


A simplicidade na execução desse projeto está na sua forma de implantação, que seria justamente nas vias e não sobre calçadas, não necessitando de obras físicas. Seria preciso reduzir as faixas de uso de carros nas principais ruas e avenidas, proporcionando espaço para o trânsito de bicicletas. Hoje as faixas para uso de automóveis têm 3,5 metros e a proposta é reduzí-las para 2,80 metros, que seria a largura mínima. Dessa maneira, 1,50 metro seria o espaço da ciclovia.

Hoje Recife conta com ciclovias ao longo da orla, que são sinalizadas e tem um espaço legal. Mas imagina como seria excelente poder ir ao trabalho, à faculdade, ao cinema utilizando as principais vias da cidade! Quanto tempo ganharíamos? E o melhor, com direito a uma sombra fresquinha e sem medo dos motoristas, em uma faixa exclusiva! 

Infelizmente, muitos motoristas não respeitam os ciclistas, e na contramão  (com o perdão do trocadilho), muitos ciclistas não respeitam os motoristas. Alguns transitam de forma imprudente, outros são literalmente espremidos entre os veículos. A grande verdade, é que enquanto não houver a divisão correta do limite de carros e bicicletas, ninguém se respeitará. Havendo essa divisão, todos ficam mais seguros e o trânsito fica mais livre.


Esse sonho não é impossível, não é utopia. Em muitas cidades tão grandes (ou maiores) quanto Recife, as ciclovias atendem à população de forma muito eficiente.  Claro que isso vem de aspectos culturais e que mudar a mentalidade do brasileiro não é coisa simples. Pra muitos, ter um carro na garagem é sinal de status, de riqueza e de elegância (só eu acho esse pensamento extremamente cafona?). Para mim, ser chique é ser engajado e saber o seu papel na sociedade. Os carros são necessários, mas não são o único meio de transporte com que podemos contar. Basta imaginarmos o espaço ocupado por um carro e um ônibus em uma rua: o tamanho de um ônibus equivale a dois carros. Cada carro transita com 5 pessoas. Um ônibus transita com, em média, 50. 
Ocupando o mesmo espaço que 2 carros, 1 ônibus transporta 10 vezes mais pessoas. A bicicleta não queima combustível  (só queima calorias!)  e ainda favorece a saúde do ciclista.


Esse é um assunto interessante e que deve ser discutido pela população e pelos governantes. Enquanto eles não começam, podemos tratar disso por aqui, que tal? 

O Piratas da Praia é comprometido com conceitos sustentáveis e está aberto para questionamentos bacanas. São atitudes simples que transformam a realidade. Que a mudança comece por nós! 


Vamos nessa?






Em tempo: Colhi algumas informações aqui. E aqui tem discussões muito interessantes sobre mobilidade urbana sustentável. Se bem que esse seria assunto pra outro post...

Por Josiane Andrade


Oxente! Nós estamos em Recife!!



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